domingo, maio 21, 2006

O MAIOR ATENTADO




"Eternas poesias na praça são presenteadas
Olhos e ouvidos aproveitam a noite eterna dos poetas.
Aproveitemos os caminhos abençoados por Deus."






Ainda sobre a violência que vivemos no Pais, deflagrada na forma como vimos em São Paulo há uma semana, junto com tantas denúncias e comprovações de corrupção na esfera pública, temos ainda a verdade sendo vilipendiada.
O Governador de São Paulo, o Sr. Lembo concedeu entrevista no site do Terra e antes num jornal de São Paulo falando sobre os fatos em seu Estado.
Criticou com ironia os Senhores Geraldo Alkimim, José Serra e Fernando Henrique Cardoso, por terem se omitido no apoio frente aos fatos graves que aconteciam.
Não ligaram, não se manifestaram publicamente enfim, deixaram o governo de São Paulo há uns dois meses e por certo querem passar a imagem de quem não tem responsabilidade nenhuma pelos fatos.
Lembo ainda falou da elite branca, e das recomendações de uma maior violência contra a violência, o que diz ter recusado.
Até hoje o Governo de São Paulo omite o nome dos mortos pela polícia, assim como o Conselho Regional de Medicina investiga os atestatos de óbito e o Ministério Público denuncia e investiga um acordo do governo de São Paulo com o PCC. Notícias do interior daquele Estado dão conta que um helicóptero com o secretário de segurança desceu no presídio "do Marcola" e coincidentemente os motins terminaram no mesmo dia, às 20 horas.
Morreram muitas pessoas, provavelmente inocentes, mas numa guerra isso "faz parte" não é mesmo?
Muitas coisas devemos reconhecer não foram publicadas e nem divulgadas nas grandes emissoras. Fosse uma declaração contra um certo presidente, CPIs já estariam sendo propostas. Ah, descobriram que o Alkimin, através de uma estatal paulista, gastou uma quantia exorbitante em publicidade, numa revista cujo dono é um político do PSDB paulista. Mas nenhuma notícia é dada em Jornal Nacional algum.
Pois bem, mas hoje eu vi uma notícia no Fantástico que é muito grave: Uma escola de ensino fundamental de uma cidade distante 60km de São Paulo, teve a biblioteca e salas de aulas incendiadas. Milhares de livros foram destruídos e outros objetos como carteiras, televisores e documentos. A comunidade escolar se mobilizou para reconstruir tudo. O diretor chorou na entrevista sem poder continuar falando, as crianças limpavam os livros que não foram queimados, uma avó chorava e disse: O bem vai vencer tudo isso.
O maior atentado não ganhou manchetes, mesmo tendo sido excelente e emocionante a reportagem.
Enquanto a maioria da sociedade não entender que esse foi o maior dos atentados, a maior das violências, estaremos discutindo o que o Cláudio Lembo disse, as omissões da imprensa comprometida que dá espaço em entrevistas ao Marcola, como se isso fosse um bom jornalismo.
Enquanto atentar contra uma escola não for o mais importante, estaremos reféns do PCC que também é sigla de "Política Contra a Cidadania".

domingo, maio 14, 2006

TRISTEZA














"Pequena e rosa, lá de baixo imperou
Abaixei-me e a colhi do tapete verde
Agora deve estar domindo, esperando a primavera."



Porto Alegre tem um bairro com este nome. Um bairro nobre até, na zona sul, um clima ótimo. Fica na beira do Lago Guaíba e....estou triste.
As notícias que chegam de São Paulo são assustadoras, especialmente pelo fato de muitos de nós acharmos que ocorre longe, noutros estado, noutras cidades e aqui estamos seguros.
Somos levados à solidão, ao individualismo e ao isolamento, porém os problemas que enfrentamos só poderão ser resolvidos coletivamente.
O crime organizado ataca de forma "brilhante" a cidadania em São Paulo. Ataca os cidadãos paulistanos especialmente, ataca a cidade mais rica da América do Sul, o coração do poder financeiro do nosso País.
O que restaria ou restará para as demais cidades?
A política e a imprensa deverão dar as respostas. Dentre elas, explicar por quais motivos antes não se agiu? Por quais motivos a política esteve antes dos interesses da cidadania? Por qual motivo a imprensa critica em demasia um governo e poupa outro? E o salário baixo e a corrupção nas polícias? E o salário baixo dos professores? Por qual motivo a imprensa gaúcha apoiou incansavelmente, numa campanha contra um secretário de segurança, policiais corruptos, que detinham duas carteiras de identidade, e poupou o último secretário de segurança, mesmo diante do aumento da criminalidade? (o secretário criticado era credor de R$1.500.000,00 da maior empresa de comuncação do sul do Brasil, numa vitoriosa ação de indenização por dano moral. Seria esse o motivo de tantas críticas? Mas a imprensa não é livre?)
Esses são exemplos dos interesses que estão em jogo. Tantas verdades são tratadas como mentiras e mentiras são transformadas em verdade e agora todos se horrorizam?
Os traficantes tem endereço certo nas cidades e não são combatidos por qual motivo? Por qual motivo uma força pública, não adentra nos morros e noutros bairros e livra a maioria dos cidadãos de bem do poder que a criminalidade exerce?
Já são quase 70 mortos em dois dias em São Paulo. São ônibus e bancos incendiados, familias de policiais ameaçadas, inocentes apavorados. E o Governo de São Paulo não aceitou ajuda Federal. Obviamente o motivo é a política no seu mais abjeto grau de aplicação: não se aceita a ajuda federal pois se estaria pagando um vale em ano eleitoral, visto que o Governador de São Paulo, Geraldo Alkimin, candidato de oposição a Lula, recentemente deixou o cargo, coisa de dois meses. Assim, seria possível acreditar que a falta de segurança pública paulista tenha ocorrido apenas agora, e antes era perfeita?
A maior criminosa a ser combatida é a mentira. Temos que acabar com a hipocrisia da imprensa e da política. Que bom pudéssemos desejar e lutar pela verdade da liberdade de imprensa e por um Estado realmente democrático, quando o interesse da cidadania é o motivo de tudo e a coisa pública é de todos e para todos.
No caso específico, a tristeza diante de tanta violência, a vergonha e o medo, deveriam ser democráticos, isto é, do povo, pelo povo, pois para o povo eles já foram legados.